O Festival de BD de Beja acabou no último fim-de-semana mas só agora é que está disponível na Centralcomics o meu texto sobre os meus dois dias lá passados. O objectivo inicial do Diário de Bordo era precisamente fazer "reviews" acerca dos festivais de BD nacionais mas na falta deles e da disponibilidade para ir, alarguei-o um pouquinho mais como poderão ver pelo texto da Asa.
Pelo que me disse o director do festival, Paulo Monteiro (os meus agradecimentos, sem o convite dele o mais provável era não ter ido por causa da despesa que é passar um fim de semana fora tão longe), as precisões deles apontavam que iam ter cerca de 6000 visitantes, mais 1000 que o ano passado.
Dave McKean tem destas coisas hehe
Olhar para a prateleira e ver aqueles Mirrormask Illustrated Script e Asilo Arkham e saber que não estão assinados... e ele ainda me ficou com o meu marcador prateado... Mais uma estória a somar aos festivais.
Fica aqui o mais recente Diário de Bordo.
Depois de um fim-de-semana passado em Beja, este Diário de Bordo retrata a minha primeira ida ao Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja que já vai na IV edição. Nunca houve a oportunidade vir a este festival mas este ano, aliando um nome sonante e o facto de ser a minha primeira ida a um festival como autor, não podia faltar.
Depois de duas viagens que duraram ao todo cerca de 5 horas, eis que chego a Beja carregado qual Pai Natal com livros para os autógrafos. Enquanto o festival não abria, houve oportunidade de ver a bem conseguida zona comercial situada no exterior da Casa da Cultura mas abrigada do tempo que prometia ser muito chuvoso. O espaço é bem agradável com o bom tempo alentejano e a sessão de autógrafos era para se realizar lá mas teve que ser movida para a bedeteca porque a temperatura baixou muito.
Depois de aberto oficialmente o festival, ficaram todos entregues às exposições. Destaque para a exposição do Gipi, BRK com algumas pranchas inéditas, João Lemos e o seu número do Avengers: Fairy Tales e, naturalmente, Dave McKean. Esta exposição, que só pecava por ser pequena, mostrava um pouco de todos os seus trabalhos (capas e pranchas de várias BDs) e os diferentes estilos e potencial deste excelente artista. Os originais das diferentes obras expostas iam desde pranchas de Asilo Arkham, Cages e Mr. Punch passando pelas brilhantes capas da série Hellblazer e Sandman, arte do filme Mirrormask e diferentes edições dos títulos em que o autor colaborou.
O festival não se esgotava apenas na Casa da Cultura/Bedeteca de Beja. Devido à demora que houve com os autógrafos que o Dave McKean andava a distribuir, a “tournée” por Beja para abrir as restantes exposições foi, em parte, cancelada. Ainda assim tivemos a oportunidade de ver algumas ao acompanhar o resto do programa.
O jantar no Sábado foi nos claustros do Museu Regional de Beja, um mosteiro desactivado onde na sacristia estão expostos originais da Susa Monteiro.
Depois do jantar, a festa continuou no Museu Jorge Vieira - Casa das Artes com exposição de Pepedelrey e Teresa Câmara Pestana e, para animar, questionário sobre BD.
A noite, já avançada, terminou com a actuação dos Jigsaw na Galeria do Desassossego local que o Dave McKean gostou por lhe fazer lembrar os clubes de Londres dos anos 80.
Esta forma de visitar o festival, que não cabe todo na Casa da Cultura, também é uma excelente maneira de conhecer parte da cidade. Todos os locais com exposições ficam muito próximos uns dos outros podendo ser visitados a pé e tudo sem ter que se pagar um único bilhete. Uma forma de mostrar aos bedéfilos que não conhecem Beja o que a cidade tem para oferecer para, quem sabe, a visitar uma próxima vez.
Já no Domingo foi a nossa oportunidade de nos estrearmos como autores. O projecto dos Murmúrios foi apresentado, teve bom público apesar de muita gente se ter atrasado e o interesse de várias pessoas incluindo o director do festival, Paulo Monteiro que desde já agradecemos o convite.
A nossa apresentação foi seguida de:
- Plano editorial da Kingpin of Comics para 2008;
- Qual Albatroz, uma nova editora que irá lançar o próximo livro do Menino Triste e ReEvolução 01/10 com a presença dos autores;
- Apresentação do livro “De trute ise aute der” e do fanzine/e-zine “Terminal” ambos a cargo de Phermad responsável pelas Edições DrMakete.
Não estando agendado, Dave McKean ainda fez uma muito interessante e demorada retrospectiva de quase todos os seus trabalhos em BD, ilustração e cinema.
Infelizmente não tive oportunidade de ficar para o final pois iria perder a viagem de regresso.
Não querendo tecer nenhuma crítica, não deixo de me perguntar que tipo de afluência teria o festival se um nome tão sonante como o do Dave McKean não estivesse no cartaz. Infelizmente poucas caras novas vêem-se neste tipo de eventos e são estes nomes que chamam fãs dos arredores (Lisboa por exemplo). Ainda assim não deixam de ser louváveis diferentes iniciativas como o torneio de Playstation, projecção de filmes, diferentes workshops e maratonas de BD que chamam outro tipo de público. Não esquecendo os mangakas, ainda há até ao final do festival oficinas de caligrafia japonesa e origami, shiatsu, cerimónia do chá, sessão de anime de 6 horas ininterruptamente com dobragem ao vivo e ainda jantar japonês.
Para os mais novos, aqueles que esperemos que sejam a próxima geração de bedéfilos, o programa é diversificado envolvendo teatro, ilustração e leitura.
O espaço da bedeteca, que antes só tinha visto em fotografias, é muito bem conseguido. Inserido na Casa da Cultura, ocupa apenas uma sala e tem praticamente tudo o que foi editado em Portugal a partir dos anos 70 e onde se incluiu também um belo catálogo de material importado muito diversificado. Esta bedeteca é a prova que não é preciso um espaço autónomo podendo muito bem ser enquadrável num outro qualquer equipamento cultural existente mais abrangente. Um exemplo a seguir por outras localidades, especialmente a norte que nunca viu equipamentos destes nem vê eventos desta importância há alguns anos.
O próprio director do festival foi muito simpático e acessível. Sempre presente era ao mesmo tempo guia, coordenador, … um faz-tudo dentro do festival sempre disponível para qualquer coisa.
O próprio festival é algo completamente diferente do que tenho visto na Amadora. Enquanto um vive para a parte “comercial” onde o importante é o triângulo exposição -autor - espaço comercial, neste festival, não deixando de parte estes três alicerces, vive-se um ambiente de maior “intimidade e familiaridade” devido à quantidade de caras conhecidas e à menor dimensão do mesmo. É um festival que aposta num bom ambiente onde numa hora se está numa fila de autógrafos para um autor como na outra já estamos numa alegre conversa com o mesmo numa exposição ou esplanada.
29 May 2008
23 May 2008
Dream of Californication
Antes de mais, as minhas sinceras desculpas para com a meia dúzia de seguidores deste estaminé mas as últimas semanas têm sido (e vão) ser complicadas. Ainda pensei deixar o blog parado mais um pouco até surgir o meu "Diário de Bordo" do Festival de BD de Beja mas deixo-vos com outra coisa:
Desta vez venho-vos falar provavelmente da melhor série do momento dentro do seu género. Como devem ter percebido, trata-se da série Californication. E que poderá ter esta série de especial? Bem, basicamente... tudo.
Num artigo que o David Soares publicou algures, ele falava no papel de escritor e/ou argumentista que é muitas vezes esquecido e deixado para 3º ou 4º plano em detrimento da arte (caso da BD) ou dos actores, realizadores e outros "ores" que montam o espectáculo. But fear not, my writing friends!!! CALIFORNICATION IS HERE!!
Hank Moody é um escritor de relativo sucesso e uma sólida base de fãs. É muito bom e reconhecido em diversos circuitos. Com apenas 3 romances publicados ao longo de muitos anos (e mais umas curtas e essas coisas que os escritores mais conhecidos têm que fazer para pagar as contas lá de casa) vê finalmente o seu trabalho "valorizado" quando o seu livro God Hates Us All é transformado num filme chamado A Crazy Little Thing Called Love com Tom Cruise e Katie Holmes nos principais papéis (antes que corram para o IMDB Cruise-lovers, este filme NÃO existe! Foi criado apenas para a série). Mais não é preciso dizer para perceberem que o filme é considerado uma valente porcaria mas o retorno financeiro para o nosso querido escritor é bem evidente. Hank em algumas tiradas bem inspiradas, faz a folha ao realizador do "filme" e mais não digo para apreciarem devidamente estas cenas míticas.
Para fazer este filme, Hank e a família (a deusa Karen e Becca, a filha rock star genialmente precoce) mudam-se de Nova Iorque para Los Angeles de forma a Hank acompanhar a rodagem (chamemos-lhe massacre) do filme inspirado no seu livro. O tempo passa e L.A. definitivamente não é o sítio para esta tripla. O espectador apanha a vida de Hank numa péssima altura e só aos poucos é que descobre o que efectivamente aconteceu para a Karen ficar noiva de um tipo sem interesse e mudar-se com a filha para a casa dele, Hank, num estado de total bloqueio criativo há já algum tempo devido à adaptação do seu livro, navegar por um mar de libertinagem, álcool e pussies como se não houvesse amanhã e ainda o porquê do estado em que se encontra o Porsche da personagem principal (sim, até isso tem o seu interesse. Aquele carro tem carácter e um historial por trás que só visto).
Logo nos primeiros episódios assistimos a um dos engatanços de Hank que mais estranhos resultados vai produzir e que ficarão definitivamente na História da televisão e cinema. A história pouco avança mas esse mítico David Duchovny prende-nos a atenção com uma das mais interessantes personagens vista na televisão.
David é um pequeno deus nesta série, completamente à vontade numa personagem que faz tudo para que a sua vida não se desfaça ainda mais mas ao menos tempo não quer saber e leva tudo na boa. É a personificação do que melhor e pior existe num mundo que muitos almejam atingir, Hollywood.
Para aqueles que conseguiram acompanhar a pedalada dos primeiros episódios, a sua dedicação à série é imediatamente compensada. Tudo o que tem acontecido tem ou vai ter um peso, algumas vezes bem grande, no futuro. Aos poucos vamos perceber como é a vida deste escritor e quem sabe, de outros, que vivem sempre com o fantasma de um bloqueio criativo à espreita.
Finalmente a justa homenagem a uma vida que supostamente não tem interesse em ser mostrada como muitos pensam. Inúmeros filmes sobre músicos, pintores e outros artistas têm sido feitos mas sobre escritores e o que é realmente viver da escrita, arrisco-me a dizer que esta série é pioneira.
Não vos queria estar a contar mais coisas para não perderem pitada desta série. Cada episódio tem apenas 25 minutos mas estes 25 minutos valem mais do que muitas horas de muito cinema e televisão que tenham visto. Às vezes a série é criticada por "não ter história" mas acreditem, ela está lá... E chama-se Hank Moody!
Atenção que isto é material para maiores de 18. A Showtime, canal "financiador" da série, não tem quaisquer problemas em meter cenas muuuiiito explicitas e que já valerem muitas censuras e protestos de puritanos. E com alguma razão se não forem vistas dentro do contexto. Há muita coisa que nem passariam pela cabeça de muita gente.
Desta vez venho-vos falar provavelmente da melhor série do momento dentro do seu género. Como devem ter percebido, trata-se da série Californication. E que poderá ter esta série de especial? Bem, basicamente... tudo.
Num artigo que o David Soares publicou algures, ele falava no papel de escritor e/ou argumentista que é muitas vezes esquecido e deixado para 3º ou 4º plano em detrimento da arte (caso da BD) ou dos actores, realizadores e outros "ores" que montam o espectáculo. But fear not, my writing friends!!! CALIFORNICATION IS HERE!!
Hank Moody é um escritor de relativo sucesso e uma sólida base de fãs. É muito bom e reconhecido em diversos circuitos. Com apenas 3 romances publicados ao longo de muitos anos (e mais umas curtas e essas coisas que os escritores mais conhecidos têm que fazer para pagar as contas lá de casa) vê finalmente o seu trabalho "valorizado" quando o seu livro God Hates Us All é transformado num filme chamado A Crazy Little Thing Called Love com Tom Cruise e Katie Holmes nos principais papéis (antes que corram para o IMDB Cruise-lovers, este filme NÃO existe! Foi criado apenas para a série). Mais não é preciso dizer para perceberem que o filme é considerado uma valente porcaria mas o retorno financeiro para o nosso querido escritor é bem evidente. Hank em algumas tiradas bem inspiradas, faz a folha ao realizador do "filme" e mais não digo para apreciarem devidamente estas cenas míticas.
Para fazer este filme, Hank e a família (a deusa Karen e Becca, a filha rock star genialmente precoce) mudam-se de Nova Iorque para Los Angeles de forma a Hank acompanhar a rodagem (chamemos-lhe massacre) do filme inspirado no seu livro. O tempo passa e L.A. definitivamente não é o sítio para esta tripla. O espectador apanha a vida de Hank numa péssima altura e só aos poucos é que descobre o que efectivamente aconteceu para a Karen ficar noiva de um tipo sem interesse e mudar-se com a filha para a casa dele, Hank, num estado de total bloqueio criativo há já algum tempo devido à adaptação do seu livro, navegar por um mar de libertinagem, álcool e pussies como se não houvesse amanhã e ainda o porquê do estado em que se encontra o Porsche da personagem principal (sim, até isso tem o seu interesse. Aquele carro tem carácter e um historial por trás que só visto).
Logo nos primeiros episódios assistimos a um dos engatanços de Hank que mais estranhos resultados vai produzir e que ficarão definitivamente na História da televisão e cinema. A história pouco avança mas esse mítico David Duchovny prende-nos a atenção com uma das mais interessantes personagens vista na televisão.
David é um pequeno deus nesta série, completamente à vontade numa personagem que faz tudo para que a sua vida não se desfaça ainda mais mas ao menos tempo não quer saber e leva tudo na boa. É a personificação do que melhor e pior existe num mundo que muitos almejam atingir, Hollywood.
Para aqueles que conseguiram acompanhar a pedalada dos primeiros episódios, a sua dedicação à série é imediatamente compensada. Tudo o que tem acontecido tem ou vai ter um peso, algumas vezes bem grande, no futuro. Aos poucos vamos perceber como é a vida deste escritor e quem sabe, de outros, que vivem sempre com o fantasma de um bloqueio criativo à espreita.
Finalmente a justa homenagem a uma vida que supostamente não tem interesse em ser mostrada como muitos pensam. Inúmeros filmes sobre músicos, pintores e outros artistas têm sido feitos mas sobre escritores e o que é realmente viver da escrita, arrisco-me a dizer que esta série é pioneira.
Não vos queria estar a contar mais coisas para não perderem pitada desta série. Cada episódio tem apenas 25 minutos mas estes 25 minutos valem mais do que muitas horas de muito cinema e televisão que tenham visto. Às vezes a série é criticada por "não ter história" mas acreditem, ela está lá... E chama-se Hank Moody!
Atenção que isto é material para maiores de 18. A Showtime, canal "financiador" da série, não tem quaisquer problemas em meter cenas muuuiiito explicitas e que já valerem muitas censuras e protestos de puritanos. E com alguma razão se não forem vistas dentro do contexto. Há muita coisa que nem passariam pela cabeça de muita gente.
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