09 November 2008

Diário de Bordo V - FIBDA 2008

Recuperado mais um Diário de Bordo. Desta vez a visita foi feita ao festival da Amadora que este ano esteve muito bom. Não quis abusar mais da vossa paciência senão tinha escrito mais.

E aqui as sugestões de compra para este ano:












Material estrangeiro já toda a gente conhece. Apoiemos a produção nacional.
COMPREM!!!!

Ia ter um conto publicado no Venham +5 a ser lançado neste FIBDA. Acontece que não há Venham +5 este FIBDA... Fica a dúvida se sairá no próximo número (por altura do festival de Beja) ou nalgum BDjornal ou antologia. Os desenhos (muito bons por sinal) são do Véte!

No BDjornal #23, estão pranchas dos Murmúrios das Profundezas. Em pré-publicação... Quando o livro já está esgotado.

Novas críticas estão constantemente a ser adiadas. Já tenho um bom número de reviews meias feitas mas falta tempo. Entre elas: Fall of Cthulhu, World War Hulk, Captain America, Thor e outras que não me lembro.

Mais novidades: estou a entrevistar essa figura mítica que é o Pat Mills e prometo alguma polémica no resultado final... Se tiverem perguntas que valham a pena, digam-me que eu passo-as ao Pat.


A cidade da Amadora foi mais uma vez palco da maior festa da 9ª arte no nosso país. Nesta 19ª edição subordinada ao tema “Tecnologia e Ficção Científica”, todas as expectativas foram superadas e pouquíssimas criticas foram ouvidas. Na recta final deste ano, aqui fica o Diário Bordo do primeiro fim-de-semana.

Tendo visitado os últimos 5 anos do FIBDA, posso afirmar sem sombra de dúvida que o festival melhora a olhos vistos de ano para ano. Tudo este ano foi quase perfeito.
Imitando um ambiente futurista, toda a concepção do espaço do festival foi pensada como um grande astro-porto com direito a nave espacial alojada.

No piso térreo apresentavam-se o grosso das exposições num ambiente um pouco labiríntico mas muito bem decorado cheio de estranhas criaturas alienígenas e decoração a condizer com o tema de cada exposição.

A exposição do Dave McKean era em tudo semelhante à de Beja. Apresentava a mesma prancha do Asilo Arkham, amostras de Mirromask, Cages e a capa para o 1º comic da série Hellblazer. Ainda assim o grande destaque foi para a obra Mr. Punch com muitas pranchas, a maioria delas não expostas em Beja e com decoração a condizer com a obra.

A exposição de Oesterheld mais uma vez teve problemas. À semelhança do festival Viñetas desde o Atlántico, não foi possível expor originais do autor. Se se pensava que o problema com o festival de Corunha em Agosto tinha sido isolado, agora confirma-se a ideia que o autor assassinado ainda é um assunto que não agrada à Argentina apesar da mudança de regime.

Destaque ainda para as exposições do fanzine Venham +5, os originais do concurso deste ano que revelam muitos excelentes novos autores, Luís Henriques que mostra o quão versátil é e Rui Lacas que infelizmente tinha em exposição uma prancha e uma das paredes decorada com uma cena do livro que em muito estraga a história a quem não a leu.

O piso -1 foi projectado à semelhança de uma grande e comprida nave espacial cheia de recantos escondidos com surpresas. Quando se pensava que se tinha visto tudo, havia sempre mais um canto com uma novidade. Se por um lado imita o ambiente de uma nave, por outro alguns visitantes podem perder as exposições

Com a zona comercial logo à cabeça, a “nave” estendia-se para a zona de autógrafos ladeada pelas 3 exposições, e continuando em varias divisões até ao fim do espaço onde se encontrava a exposição Star Wars.

O destaque deste piso vai para a surpresa que foi a exposição da delegação chinesa, Menino Triste do João Mascarenhas e Tara McPherson que só pecava por não ter mais originais já que a maioria da exposição era composta por prints de edição limitada que estão disponíveis no site oficial da ilustradora.

Apesar da excelente qualidade das exposições, a grande desilusão foi na minha opinião a exposição Star Wars. Basicamente uma exposição de coleccionáveis ligados à obra (miniaturas, action figures, estatuetas, etc.) e alguns posters da trilogia original e imagens do mais recente filme (Clone Wars), esta exposição peca precisamente pela falta de variedade. Com um universo tão rico e variado como este, não existe falta de material para exposição. Existe uma imensa variedade de BDs relacionados com este universo que fariam mais sentido estarem expostos. E ainda para mais quando um dos autores convidados para o 1º fim-de-semana, Pat Mills, já participou com alguns comics para este imenso mosaico de histórias.

O fim-de-semana foi bem concorrido com uma diferença abismal no Domingo. No Sábado andava-se muito à vontade por todo o lado mas no Domingo, especialmente na zona de autógrafos, notou-se uma maior afluência.

Os autógrafos, contrariando o caso Manara do ano passado, correram muito bem. O espaço estava genialmente projectado apesar de algumas queixas por parte dos autores que tinham pouco espaço e luz e das pessoas na fila que tinham que se abaixar como se estivessem num guiché de alguma repartição pública.

Dave McKean esteve presente no Sábado ao fim da tarde passeando anonimamente por algumas exposições. No Domingo, repetindo muito do que já tinha dito no Festival de BD de Beja, fez uma conferência e sessão de perguntas a um vasto público. Alguns metros adiante, estava a formar-se uma fila para os autógrafos ainda antes do autor chegar ao recinto. Apesar de ter sido a maior fila deste fim-de-semana, o autor conseguiu despachar desenhos e assinaturas a um bom ritmo e toda a gente levou para casa mais alguns livros assinados. Mesmo havendo um limite de um desenho e três livros por pessoa, o autor fez questão de presentear os detentores do guião do Mirrormask com um desenho extra apesar da pressa que tinha para apanhar o avião que partia em poucas horas.

Pat Mills sempre impecável teve pouca afluência. Por ser escritor, os autógrafos tendem a ser rápidos e o facto de ter pouco material à venda contribuiu para poucas assinaturas mas isso não o impedia de ser extremamente simpático, falando pelos cotovelos com Kevin O’Neill ou outras pessoas que o abordassem.
O mais engraçado nesta dupla inseparável foi ficarem deslumbrados com certos livros que as pessoas lhes pediam para assinarem. Esgotados há muitos anos, nem os próprios autores tinham um exemplar e assim trocaram muitos endereços de lojas com esse material ainda disponível.

Kevin O’Neill, tendo esquecido do material de desenho no hotel, teve que improvisar com simples canetas de esfera, fazendo desenhos rápidos e que desiludiram um pouco quem estava à espera do detalhe que o autor apresenta na Liga de Cavalheiros Extraordinários. Foi um dos autores que viu a procura aumentar bastante de Sábado para Domingo sempre disponível para o elevadíssimo numero de exemplares de livros da Liga que toda a gente parecia possuir.
Apesar de estar impedido de dar detalhes das novas aventuras, Kevin deixou “escapar” que a série a próxima aventura editada pela Top Shelf se passará no século XX e apresentará novas personagens. Será que vamos ter uma nova Liga completamente refeita?

Tara McPherson sempre muito cordial começou com poucas pessoas no Sábado e acabou no Domingo com filas contínuas. Com bastantes sorrisos e desenhos simples, esta autora mais conhecida pelos seus trabalhos de ilustração para bandas foi uma das estrelas do fim-de-semana. Foi outro dos artistas que viu a procura aumentar substancialmente de Sábado para Domingo.

Liberatore e Esteban Maroto tiveram uma procura regular durante todo o fim-de-semana. Ambos grandes desenhadores, as filas para ambos eram muito demoradas mas o incrível detalhe e cuidado que dedicavam a cada desenho compensavam a espera e as pernas doridas. Esta grande procura ainda fez esgotar no Domingo todos os desenhos do portfólio que o Maroto tinha venda a preços muito simpáticos.

Os autores portugueses estiveram sempre bem representados com os habituais Ricardo Cabral, João Mascarenhas, equipa da Kingpin of Comics ou o omnipresente José Carlos Fernandes.
Só foi pena a malta da Marvel não ter aparecido para uma apresentação ou sessão de autógrafos conjunta.

Com uma edição tão cuidada, fica a questão de como conseguirá o festival crescer ainda mais na próxima edição quando já atingiu um tão elevado nível na qualidade dos autores, exposições e espaço que oferece.
Venha o que vier para a próxima edição subordinada ao tema “O Grande Vigésimo”, estaremos aqui para a acompanhar o maior festival do nosso país.