29 May 2008

Diário de Bordo III - IV FIBDB

O Festival de BD de Beja acabou no último fim-de-semana mas só agora é que está disponível na Centralcomics o meu texto sobre os meus dois dias lá passados. O objectivo inicial do Diário de Bordo era precisamente fazer "reviews" acerca dos festivais de BD nacionais mas na falta deles e da disponibilidade para ir, alarguei-o um pouquinho mais como poderão ver pelo texto da Asa.

Pelo que me disse o director do festival, Paulo Monteiro (os meus agradecimentos, sem o convite dele o mais provável era não ter ido por causa da despesa que é passar um fim de semana fora tão longe), as precisões deles apontavam que iam ter cerca de 6000 visitantes, mais 1000 que o ano passado.
Dave McKean tem destas coisas hehe
Olhar para a prateleira e ver aqueles Mirrormask Illustrated Script e Asilo Arkham e saber que não estão assinados... e ele ainda me ficou com o meu marcador prateado... Mais uma estória a somar aos festivais.

Fica aqui o mais recente Diário de Bordo.


Depois de um fim-de-semana passado em Beja, este Diário de Bordo retrata a minha primeira ida ao Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja que já vai na IV edição. Nunca houve a oportunidade vir a este festival mas este ano, aliando um nome sonante e o facto de ser a minha primeira ida a um festival como autor, não podia faltar.

Depois de duas viagens que duraram ao todo cerca de 5 horas, eis que chego a Beja carregado qual Pai Natal com livros para os autógrafos. Enquanto o festival não abria, houve oportunidade de ver a bem conseguida zona comercial situada no exterior da Casa da Cultura mas abrigada do tempo que prometia ser muito chuvoso. O espaço é bem agradável com o bom tempo alentejano e a sessão de autógrafos era para se realizar lá mas teve que ser movida para a bedeteca porque a temperatura baixou muito.

Depois de aberto oficialmente o festival, ficaram todos entregues às exposições. Destaque para a exposição do Gipi, BRK com algumas pranchas inéditas, João Lemos e o seu número do Avengers: Fairy Tales e, naturalmente, Dave McKean. Esta exposição, que só pecava por ser pequena, mostrava um pouco de todos os seus trabalhos (capas e pranchas de várias BDs) e os diferentes estilos e potencial deste excelente artista. Os originais das diferentes obras expostas iam desde pranchas de Asilo Arkham, Cages e Mr. Punch passando pelas brilhantes capas da série Hellblazer e Sandman, arte do filme Mirrormask e diferentes edições dos títulos em que o autor colaborou.

O festival não se esgotava apenas na Casa da Cultura/Bedeteca de Beja. Devido à demora que houve com os autógrafos que o Dave McKean andava a distribuir, a “tournée” por Beja para abrir as restantes exposições foi, em parte, cancelada. Ainda assim tivemos a oportunidade de ver algumas ao acompanhar o resto do programa.
O jantar no Sábado foi nos claustros do Museu Regional de Beja, um mosteiro desactivado onde na sacristia estão expostos originais da Susa Monteiro.
Depois do jantar, a festa continuou no Museu Jorge Vieira - Casa das Artes com exposição de Pepedelrey e Teresa Câmara Pestana e, para animar, questionário sobre BD.
A noite, já avançada, terminou com a actuação dos Jigsaw na Galeria do Desassossego local que o Dave McKean gostou por lhe fazer lembrar os clubes de Londres dos anos 80.

Esta forma de visitar o festival, que não cabe todo na Casa da Cultura, também é uma excelente maneira de conhecer parte da cidade. Todos os locais com exposições ficam muito próximos uns dos outros podendo ser visitados a pé e tudo sem ter que se pagar um único bilhete. Uma forma de mostrar aos bedéfilos que não conhecem Beja o que a cidade tem para oferecer para, quem sabe, a visitar uma próxima vez.

Já no Domingo foi a nossa oportunidade de nos estrearmos como autores. O projecto dos Murmúrios foi apresentado, teve bom público apesar de muita gente se ter atrasado e o interesse de várias pessoas incluindo o director do festival, Paulo Monteiro que desde já agradecemos o convite.

A nossa apresentação foi seguida de:
- Plano editorial da Kingpin of Comics para 2008;
- Qual Albatroz, uma nova editora que irá lançar o próximo livro do Menino Triste e ReEvolução 01/10 com a presença dos autores;
- Apresentação do livro “De trute ise aute der” e do fanzine/e-zine “Terminal” ambos a cargo de Phermad responsável pelas Edições DrMakete.

Não estando agendado, Dave McKean ainda fez uma muito interessante e demorada retrospectiva de quase todos os seus trabalhos em BD, ilustração e cinema.
Infelizmente não tive oportunidade de ficar para o final pois iria perder a viagem de regresso.

Não querendo tecer nenhuma crítica, não deixo de me perguntar que tipo de afluência teria o festival se um nome tão sonante como o do Dave McKean não estivesse no cartaz. Infelizmente poucas caras novas vêem-se neste tipo de eventos e são estes nomes que chamam fãs dos arredores (Lisboa por exemplo). Ainda assim não deixam de ser louváveis diferentes iniciativas como o torneio de Playstation, projecção de filmes, diferentes workshops e maratonas de BD que chamam outro tipo de público. Não esquecendo os mangakas, ainda há até ao final do festival oficinas de caligrafia japonesa e origami, shiatsu, cerimónia do chá, sessão de anime de 6 horas ininterruptamente com dobragem ao vivo e ainda jantar japonês.
Para os mais novos, aqueles que esperemos que sejam a próxima geração de bedéfilos, o programa é diversificado envolvendo teatro, ilustração e leitura.

O espaço da bedeteca, que antes só tinha visto em fotografias, é muito bem conseguido. Inserido na Casa da Cultura, ocupa apenas uma sala e tem praticamente tudo o que foi editado em Portugal a partir dos anos 70 e onde se incluiu também um belo catálogo de material importado muito diversificado. Esta bedeteca é a prova que não é preciso um espaço autónomo podendo muito bem ser enquadrável num outro qualquer equipamento cultural existente mais abrangente. Um exemplo a seguir por outras localidades, especialmente a norte que nunca viu equipamentos destes nem vê eventos desta importância há alguns anos.
O próprio director do festival foi muito simpático e acessível. Sempre presente era ao mesmo tempo guia, coordenador, … um faz-tudo dentro do festival sempre disponível para qualquer coisa.

O próprio festival é algo completamente diferente do que tenho visto na Amadora. Enquanto um vive para a parte “comercial” onde o importante é o triângulo exposição -autor - espaço comercial, neste festival, não deixando de parte estes três alicerces, vive-se um ambiente de maior “intimidade e familiaridade” devido à quantidade de caras conhecidas e à menor dimensão do mesmo. É um festival que aposta num bom ambiente onde numa hora se está numa fila de autógrafos para um autor como na outra já estamos numa alegre conversa com o mesmo numa exposição ou esplanada.

4 comments:

Loot said...

Também achei que foi um festival mais intimista, é a grande vantagem em ser um festival mais pequeno, claro que também há desvantagens.

Tal como tu foi a primeira vez que fui e gostei muito, para o ano espero poder repetir e até ficar mais tempo.

Abraço

DC said...

Eu gostei mais deste. Amadora é muito "tudo ao molho, fé em Deus" nem dá para apreciar tudo com tempo. Imagina Dave McKean na Amadora... Se conseguisses falar com ele nos autógrafos já ias com sorte. Queria dizer que sobreviste a uma longa espera lol
Para o ano vou ver se não falto. Vale a pena ficar de um dia para o outro especialmente se for abertura do festival.

Nórdico said...

gostei do teu blog ... mesmo muita fixe ...

DC said...

Olha ele:D
Obrigado pela visita, espero que voltes.
Vai dando novidades.