28 February 2008

Big In Japan !!!

Rei

Argumento: Rui Zink
Desenho: António Jorge Gonçalves
Editora: Edições Asa

A dupla Zink/Jorge Gonçalves, 10 anos depois de A Arte Suprema, regressam com Rei que, cerca de quatro meses depois do lançamento, já se encontra esgotado na editora.

Rei é o resultado das viagens ao Japão empreendidas por Rui Zink e António Jorge Gonçalves que nos dá uma visão fascinante desse país, uma “Disneylândia” para adultos na visão ocidental. Ambos os autores apresentam uma perfeita visão do Japão que consegue conjugar a visão de um estrangeiro com a imagem de um Japão moderno e um vasto conhecimento de referências nipónicas.


Seguindo o conselho do seu sensei, Nuno para o Japão para “beber da fonte” da inspiração. Desilude-se pois não encontra o que procura mas conhece Rei, uma rapariga que quer ser real e Yukio um guitarrista que a acompanha.

Passado cerca de um ano e não dando notícias, a mãe de Nuno e Tano, o sensei que não gosta de artes marciais, vão procurá-lo.

Com uma galeria de personagens tão fascinantes e disfuncionais, o “desastre é garantido”.
Temos Rei, a enigmática rapariga que quer ser “real”.
Yukio, o guitarrista que antes esteve internado por ser um otaku que nunca saía de casa.
Tano, sensei de Nuno que em Portugal é japonês mas no Japão é um estrangeiro.
Ainda a mãe do Nuno, uma figura importante na política nacional, que é vista pelo filho como a Rainha Má dos contos de infância por nunca lhe ter dado a atenção devida porque, pensava ele, a mãe passava o tempo a admirar-se ao espelho quando na realidade estava a preparar as suas intervenções no Parlamento.

Em toda a concepção do livro nota-se um conhecimento do país e de referências que poderão escapar a quem não conhecer vários aspectos particulares da cultura geral nipónica. Essas referências podem passar por anime e manga, samurais, as palavras japonesas que aparentemente têm origem no português, História, a cultura otaku e um problema muito específico do país que são o equivalente nipónico aos nossos “retornados”. Quando regressam ao seu Japão, não conseguem adaptar-se novamente ao estilo de vida original. Irónico como no exterior aparentavam ser japoneses mas no seu próprio país de origem não são mais que estrangeiros. Para eles foi criada uma pequena cidade onde tudo é parecido com o Brasil onde se fala português, ouve-se samba, come-se feijão porque, afinal, este é o país que apresenta a maior comunidade de japoneses fora do país do sol nascente e que mais “retornados” tem.


Com um traço alucinante, e diria um pouco alucinado, a três cores (preto, branco e rosa), desenho e texto fundem-se brilhantemente numa simbiose perfeita. O “mito de Frankenstein é revisitado” e reinventado num romance gráfico obrigatório onde cada página se torna um pequeno haiku.

6 comments:

Nuno Amado said...

Não tenho Rei, nunca li Rei... mas toda a gente me diz que é muito bom ! Mas ao mesmo tempo não me é apelativo... tenho de resolver isto

DC said...

Então talvez fosse melhor começares pela Arte Suprema.
Também conheço pessoas que leram este e não acharam tão bom como o Arte Suprema mas isso é porque não são tão fascinados pelo Japão como eu ou o Zink ou outros "otakus" :P

Loot said...

Estive com ele na mão outro dia. Tem de facto uma arte bem alucinada, fiquei com vontade de ler. Mas agora isto anda mal de finanças vai ter de esperar.

Abraço

DC said...

Compra! Compra! Compra! Mas só se gostares do Japão ;)

Loot said...

Ah não te preocupes eu adoro o Japão :D

refemdabd said...

Tenho um fascínio imenso pelo Japão, tanto o antigo feudal e brutal, como pelo moderno tecnológico, louco e brutal (para a bolsa)...mas não consigo gostar deste género de BD...apenas não gosto mesmo! Mas li! Mas não gosto, pim